Histórias
Evaldo Momm
Principal | Evaldo Momm | Laurentina Beppler | Fernando Momm | Wilhelm Momm | Friedrich Momm | Nicolau Momm | Benedito Momm | Jacob Momm | Wilhelm Momm Jr | Clemens Friedrich Momm | Pedro Momm

Evaldo Momm

 

Evaldo Momm e filho de Fernando Momm (03.04.1880-1929) e de Margarida Eli (1886 - 13.02.1922). Nasceu em Vila Nova, Águas Mornas e faleceu em Ituporanga para onde se mudou quando tinha cerca de nove anos.

Foi batisado em 06.09.1913 em Águas Mornas, paróquia de Santo Amaro da Imperatriz, pelo Padre Raphael Burck, OFM, tendo por padrinhos Manuel Philippi e Helena Momm, conforme registro nº 230 à página 24 naquela paróquia.

Aos sete anos esteve internado no Hospital de Caridade em Florianópolis com ferimento infectado na cabeça. Guardava boas lembranças desta época especialmente de seu tio Friedrich que morava na Capital e era gerente do Tiro Alemão.

Ficou órfão de mãe aos oito anos e de pai aos quinze. Criou-se na casa de seu tio Pedro.

Evaldo era um jovem ativo. Não perdia as festas em Santo Amaro da Imperatriz e Palhoça. Vinha em seu cavalo e aproveitava para comprar a ultima moda. Era conhecido por seus chapéus e gravatas. Tinha uma gravata de seda, com as cores do Flamengo, que media cerca de trinta centímetros de largura.

Também nos esportes Evaldo se destacava. Foi presidente de dois times o Fachinal e o Rio Antinhas. Quando os dois se enfrentavam, jogava meio tempo para cada lado. Juntamente com Roberto Lofi, seu primo, formava a dupla Formiga e Coxa de Ra que infernizava a vida dos gol quipes.

Era nomeado pelo delegado como ajudante para manter a ordem nos bailes e gostava de se divertir assustando as moças e rapazes. Antes dos outros saia dos bailes e ia na frente para assustar. Imitava um leão urrando e saia correndo para depois voltar e ajudar a procurar o animal. Também fazia armadilhas com cipós e velas que apareciam na frente dos incautos no meio da floresta de madrugada, para desespero geral.

Casou-se com Laurentina Beppler (23.07.1917 - 26.04.2000), que nasceu em Nova Prata, localidade de Anitapolis (SC), filha de Joseph Beppler (24.03.1888 - 18.05.1959 - Ituporanga) e de Elisabeth Sehnem (30.04.1896 - 04.01.1976 - Ituporanga).

Evaldo e Laurentina tiveram quinze filhos, onze homens e quatro mulheres. Dois homens faleceram ainda criancas, os outros todos ainda vivem.

Evaldo Momm e Laurentina Beppler foram ativos na vida da Igreja em Ituporanga tendo coordenado equipe de construcao da Igreja, sido fabriqueiros (festeiros) e participado ativamente nas festas. Laurentina foi coordenadora da cozinha de muitas festas da Igreja matriz. Laurentina foi zeladora do apostolado da oracao durante 54 anos.

Também na política a participação de Evaldo era significativa. Gostava de contar quando, na campanha de Irineu Bornhausen, para o governo do Estado de Santa Catarina em 1950, foi escolhido pelos colegas agricultores para apresentar uma solicitação ao candidato. Comparecendo ao palanque solicitou que o governo tornasse possível ao agricultor a compra de trigo pelos menos para fazer bolos e bolachas para o Natal. Irineu prometeu atender a reivindicação. Em 26 de janeiro de 1951 o presidente Getulio Vargas baixava o Decreto numero 29.299 concedendo incentivo ao trigo. Coincidência ou não seu pedido fora atendido.

Quando jovem Evaldo foi carpinteiro. Trabalhou com seu sogro na construção de balsas, engenhos de farinha e de açúcar e casas. Ser carpinteiro nesta época era bem diferente de hoje. As casas eram cobertas com tabuinhas produzidas manualmente. Um pinheiro com pelo menos dois metros de diâmetro era derrubado e serrado em roletes de cerca de setenta centímetros. As vezes um corte chegava a demorar um dia inteiro com dois bons serradores. Depois era rachado manualmente em tabuinhas de cerca de um centímetro de espessura. Estas tabuinhas eram pregadas uma a uma superpostas de maneira a impermeabilizar o telhado. As vigas eram de ipê e quando não eram serradas manualmente em cavaletes eram preparadas com o machado para ficarem retas e permitir fixar as tabuas das paredes. Praticamente não existiam maquinas tudo era feito manualmente. Nos engenhos existiam os fusos das prensas que eram feitos de ipê e que chegavam a exigir quinze dias de serviço de um exímio carpinteiro cada um.

Com o crescimento da família sentiu necessidade de ficar junto da mesma e preferiu dedicar-se a agricultura.

Evaldo Momm foi conhecido produtor de mandioca. Era conhecido como o homem da mandioca grada. Chegava a colher cento e trinta toneladas por ano. Tudo era vendido na fecularia para onde era levado de carroça pelo produtor.

Evaldo, apesar de ser analfabeto, possuía muita facilidade com números. Conseguia somar mais de cem talões de entrega de mandioca sem usar qualquer papel. Os filhos eram solicitados a fazer a soma e quando terminavam após usar diversas folhas de caderno ele dizia: mas deveria dar um pouco mais (ou um pouco menos) e eles conferiam e acabavam achando o resultado que ele já sabia.

Aos sábados, após a limpeza dos terreiros, o corte de lenha e a preparação da alimentação do gado, dos porcos e das galinhas era a hora da higiene pessoal da família. Quando não estava muito frio incluía sempre os banhos no tanque (represa) que existia na propriedade.

Aos domingos existia quase que um ritual. Após preparar os cavalos na carroça, todos iam a missa na Matriz. Muitas vezes na volta já iam todos diretamente para a casa de um dos parentes, especialmente os tios Leopoldo Momm e Leopoldo Steffens, onde almoçavam e passavam a tarde.

Quando não se ia passear, se recebia visitas. Nunca se ficava sozinho aos domingos. Certa vez, contamos oitenta e tantas pessoas em nossa casa.

Evaldo e Laurentina gostavam de brincar com os filhos. Estes eram incentivados a pensar em nomes de comidas ou de animais ou a escolher cartas do baralho e Evaldo que estava em outra parte da casa adivinhava os pensamentos, após ser incentivado por Laura como a mãe preferia ser chamada.

Prometeu para seus filhos que aqueles que ficassem trabalhando em casa até os dezoito anos receberia, se homem um cavalo encilhado e se mulher uma máquina de costura. Os tempos passaram e quando Osmar o mais velho completou dezoito anos recebeu um curso de alfaiate em vez do cavalo encilhado. A Dilma recebeu a máquina de costura bem como a Zenita. Já o Osny recebeu um curso de relojoeiro.

Osvaldo e os seguintes foram recrutados pelo Irmão Aurélio e foram estudar nos irmãos maristas. Não foi fácil a decisão de deixar ir estudar. Evaldo, após ouvir atentamente o Irmão Aurélio pediu um tempo e imediatamente foi se aconselhar com o Padre Vigário que o orientou a permitir.

Um após outro saíram para estudar Osvaldo, Nilo, José Fernandes, Elisiário que foi para o seminário franciscano, Osny e as filhas Julita e Dilma que foram para as irmãs franciscanas de São José em Angelina.

Evaldo ouviu muitas críticas dos vizinhos e parentes mas nunca disse não ao chamado de Deus para seus filhos. Conseguiu assim que seus filhos estudassem e formassem um caráter sólido e cristão.

Mais tarde, quando recebia a visita dos filhos o passatempo predileto era o jogo de canastra que se arrastava até altas horas da madrugada. Mesmo doente Evaldo não recusava o convite e participava do jogo de baralho com os filhos. Nunca se permitiu que houvesse dinheiro no jogo. Tudo era mero passatempo.

Morava na saída de Ituporanga para Perimbó, hoje Petrolândia, onde criou todos os seus filhos. Sua propriedade foi desapropriada em parte para a construção da nova estrada Ituporanga - Petrolandia e parte para o distrito industrial de Ituporanga. Restam cerca de cento e vinte mil metros quadrados da propriedade original.

Evaldo Momm faleceu aos setenta anos devido a blastomicose americana que o tomou nos últimos vinte e cinco anos de vida. Foi aos poucos perdendo o viço devido aos constantes ataques de eczema e, quando o diagnostico foi feito já não era mais possível aplicar os medicamentos necessários.

Mande sua história

Nilo Momm